19/11/2008

As pessoas e os Macacos


Sabem que apenas 3% do nosso ADN nos distingue dos macacos? Não é assim tanto, se virmos bem. Como gosto muito de todos os tipos de primatas vejo muitos documentários sobre eles, o que faz de mim uma meia conhecedora destes meninos. No último programa que vi, vários tratadores defendiam os macacos, dizendo que eles se comportavam como crianças - se estavam envergonhados, por exemplo, os orangotangos escondiam-se debaixo de caixas ou papeis. Enfim, é o que nos apetece fazer, mas que não fazemos porque somos racionais e a nossa sociedade não olhava com muito bons olhos se cada vez que eu ficasse envergonhada tapasse a cara com um lençol. Também diziam que os macacos não deviam ser tratados como simples animais, mas sim como outro género de seres humanos. Eles têm sentimentos humanos, são solidários e altruístas, fazem o luto dos mortos e sofrem com a perda toda a vida, conseguem pôr-se no lugar dos outros - por exemplo, uma, ao entrar na sala uma menina cega, apercebeu-se que esta não via e tapou os olhos com as mãos para conseguir perceber o que a menina sentia. Não sei como é o vosso mundo, mas no meu não é muito comum um ser humano vulgar tentar pôr-se no lugar de um outro. Pura e simplesmente não se vê muitas vezes.


E era aí que eu queria chegar. Que raio de pessoas somos nós, que raio de seres racionais somos nós? Inventámos o fogo, conseguimos andar sobre dois pés, inventámos culturas, tradições, utensílios, vacinas, tudo o que nos pudesse facilitar a vida. Até inventámos brinquedos! Construímos blocos de betão para que não dormisse-mos na rua. Inventá-mos inclusive uma data de "leis" sociais aberrantes, como haver um garfo para o peixe e outro para a carne, e outro muito irritante, o haver papéis que temos de mandar carimbar para tudo e mais alguma coisa. E os estigmas - "Tu és gordo logo não prestas para nada", "Vestes-te de preto e andas com pregos nos ouvidos e coleiras ao pescoço, nunca vou confiar em ti".

Podia ficar aqui eternamente a divulgar as belas coisas que nós inventámos...


Não sou extremista, percebem? Não estou a dizer que devíamos viver nas árvores, descascar amendoins e catar piolhos para passar o tempo, mas apenas que devíamos ser menos complicados, menos exigentes, mais tolerantes e com um espírito mais aberto. Costumo dizer que não há pessoas boas e pessoas más, mas sim pessoas cujas qualidades abafam qualquer defeito, e outras cujos defeitos sobrepõem-se a qualquer qualidade.


Acho que, no fundo, o que quero dizer é que devíamos imitar os macacos no que respeita à sua... humanidade.

Bizarro?


Vai haver uma peça de teatro, em Filosofia, com o título "O mundo é dos ovos". Talvez fizesse mais sentido mudar para "O mundo é dos macacos", mas não sei.

O que acham vocês?

12/11/2008

Não importa o que somos


"Não importa o que somos ou o que fazemos, desde que alguém goste muito de nós"


A frase, mais ou menos assim, foi tirada de um livro para miúdos - "As Bruxas".


É mesmo assim, não é?